quarta-feira, 24 de abril de 2024

MANUAL DIÁRIO DO MINISTRO - Introdução

 

Manual diário do Ministro

Antônio Barnabé Filho

  

(ESTE DOCUMENTO É FRUTO DE ESTUDO DOS DOCUMENTOS DA IGREJA CATÓLICA E DE UM DOCUMENTO DA PARÓQUIA DE PONTA GROSSA PARA O MINISTÉRIO DA SAGRADA COMUNHÃO EUCARÍSTICA, APROVADO PELA COMISSÃO DOS BISPOS DO BRASIL).

  

“Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (Documento de Aparecida, n. 18).

 Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco (Lc 22,15)

 

NOSSA VIDA

 A nossa vida é feita de Pensamentos, Palavras e Atitudes; recebemos este dom que Deus generosamente nos dá e nos potencializa para administrá-lo. Depende de “nós” administrá-lo, bem ou mal, devemos lembrar sempre que nós somos responsáveis pelo sucesso ou não deste dom (a vida), não podemos creditar aos outros nossos fracassos, pois o administrador é pessoal, Eu ou Você.

 Quando Deus nos criou, Ele disse ”Façamos o homem minha Imagem e semelhança”, não que Ele quisesse dizer que já éramos santos, mas nos conceder graças para buscarmos a santidade, afinal de contas somos seus filhos, porém como a maioria, somos rebeldes e queremos os direitos sem os deveres.

 Os nossos dias vão passando e com eles deve passar também a nossa ingenuidade; de criança e adolescentes, chegamos à idade adulta e nesta não cabe mais ingenuidade ou rebeldia sem causa, e sim responsabilidade e compromisso. Compromisso conosco, com o outro, com Deus e responsabilidade com o mundo.

 Nós que estamos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, necessitamos de formação permanente, pois devemos ser conscientes das nossas responsabilidades e nossos compromissos; principalmente com os doentes, os idosos e as pessoas mais carentes, pois especialmente neles devemos instalar o reino de Deus e encontrar neles a face do próprio Deus.

 

 Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu filho Unigênito, Jesus Cristo, que, pela sua morte e ressurreição, nos deu a vida. Jo 3,16.

 A Igreja, novo Povo de Deus, se alimenta e se constrói do pão vivo que desceu do céu. O grande sonho do Pai é que as nossas comunidades vivam em comunhão, que o pão da vida continue a ser repartido.

 

INTRODUÇÃO

Este material, foi preparado com todo carinho para ajuda-los e que transmitimos através das nossas formações mensais, recomendamos que procurem entende-lo e busquem colocar em prática as indicações. Se você fizer assim, o ardor do seu Coração passará para as suas ações e, sem que se perceba, você se tornará um instrumento de Deus para muitas pessoas. O mesmo Jesus que você entregará em forma de Pão, as pessoas verão estampado na alegria do seu rosto.

 Tenho percebido que muitas famílias católicas, quando perdem seus entes queridos, não poucas vezes, além do sofrimento, sentem-se desamparadas quanto ao atendimento da Igreja, pois os padres e diáconos, mesmo se esforçando, nem sempre conseguem estar próximos, devido às muitas atividades que gravam sobre eles. Os MECEs são ministros da Esperança também; além disso, é necessário que façamos um plano muito bem organizado em âmbitos paroquial e comunitário. Sendo assim, seria muito importante que os MESCEs organizassem um atendimento especializado para as famílias enlutadas. Levem a presença da Igreja nas casas, nas capelas mortuárias de nossas cidades, possivelmente fazendo visitas às famílias nos dias que seguem após o funeral.

Este é um dos momentos em que as famílias estão muito sensíveis frágeis. Façam uma escala, envolvam um grande número de ministros, usem a criatividade e marquem presença como Igreja Católica lá onde as pessoas precisam do nosso carinho e apoio.

Ir ao encontro dos que sofrem: nós, MESCEs, já fazemos isso? Agora sugiro que ampliemos esse serviço maravilhoso! por meio de nossas mãos, dos nossos olhares, dos nossos modos simples de ser, dos nossos modos acolhedores para com todos! Não temamos, MESCE, de realizar com afinco o nosso ministério. Você com certeza enfrentará não poucas dificuldades. Saibam, no entanto, que “o que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas acima de tudo o amor recebido do Pai graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo” Que este amor do Pai sempre nos acompanhe e a todas as pessoas que lhe são queridas.

A Eucaristia é Deus vivo entre nós.

Ao sermos chamados a prestar um serviço à Igreja como Ministros Extraordinários da Comunhão e da Esperança, é comum muitos leigos e leigas sentirem um misto de alegria e temor: alegria por serem escolhidos para este grande ministério e temor por saberem que lhes tocará ter um contato direto com a Eucaristia.

Aproximar-se da Eucaristia significa experimentar Deus de pertinho.

Por isso, no exercício do ministério, os MESCEs sentirão o coração arder e perceberão que a Eucaristia é o sacramento privilegiado do encontro do discípulo missionário com Jesus Cristo.

João Paulo II escreveu: “A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo, como o dom por excelência, porque é dom Dele mesmo. Esta não fica circunscrita no passado, pois tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende todos os tempos e em todos se torna presente”.

A Eucaristia, portanto, é Deus vivo entre nós! Junto à Eucaristia, os MECEs se dão conta de que o próprio Jesus, o mesmo que caminhava pelas vias da Palestina, o mesmo que transformou água em vinho, o mesmo que falou palavras eternas, agora, ressuscitado, está a seu alcance em forma de pão. Ao perceber isso, cresce imensamente a sua gratidão a Deus por tão grande tesouro doado à Igreja. De fato, “na Santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”. A Eucaristia é a presença estendida de Cristo nos séculos para a vida do mundo.

Duas condições para que haja a Eucaristia: o sacerdócio e o mandamento novo

A cada ano, na celebração da Quinta-feira Santa, recordamos a instituição da Eucaristia. Naquela mesma noite celebramos a instituição do sacerdócio. Fala-se pouco, no entanto, do mandamento novo do amor, do gesto do lava-pés, que Jesus realiza para com os

discípulos e que deseja se torne a prática entre os seus: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, façais também vós” (Jo 13,15). O sacerdócio e o mandamento do amor são sempre necessários para que aconteça a Eucaristia.

Todos nós sabemos que onde não há o sacerdote, não há a Eucaristia. Entende-se, então, o motivo pelo qual Jesus instituiu o sacerdócio quando se doava em Eucaristia para o mundo. Por sua vez, o sacerdócio é todo relacionado à Eucaristia. E o mandamento do amor, com a sua concretização no lava-pés, no contexto daquela noite santa, o que significa? O Evangelista João colhe a profundidade do que está acontecendo e expressa-o com as seguintes palavras: “Tendo amado os seus que estavam no mundo, Jesus amou-os até o fim” (Jo 13,1).

E logo em seguida acrescenta: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros” (Jo  13,34).

Na última ceia, Jesus vive o ponto mais alto da sua vida terrena: a máxima doação no amor para com o Pai e para conosco. Expressa tudo isso no seu sacrifício da cruz, que Ele antecipa dando-nos o seu Corpo e derramando por nós o seu Sangue. É desse momento culminante e não de um outro, embora maravilhoso, como a Transfiguração ou dos seus milagres – que Jesus nos deixa o memorial. Isto é, deixa para a Igreja o memorial presença daquele momento supremo do amor e da dor na cruz, que o Pai torna perene e glorioso na ressurreição. É desse momento que Jesus deseja que a Igreja celebre a sua memória, reviva os seus sentimentos de doação: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,24).

Então, para que haja Eucaristia é preciso o sacerdócio e o amor recíproco: se não houver sacerdote não haverá Eucaristia; e se faltar o amor recíproco entre as pessoas, a Eucaristia se tornará uma celebração que não aquece os corações e não se reviverão os sentimentos de Cristo.

A Eucaristia, celebrada numa comunidade onde é vivo o amor recíproco faz a Igreja, transforma os cristãos em discípulos missionários de Jesus Cristo e a comunidade se torna a morada de Deus: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome eu estarei no meio deles” (Mt 18,20).

Os MESCEs não somente zelam, com imenso amor, da Eucaristia na comunidade sendo colaboradores dos sacerdotes, mas são também os promotores do amor cristão vivido entre todos. Pois, onde falta o amor entre os irmãos, onde há divisões, onde há brigas, a Eucaristia

verdadeiramente não pode ser celebrada: “Quando estiveres levando a tua oferenda ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda” (Mt 5,23).


Cf. JOÃO PAULO II, Carta Encíclica, Ecclesia de Eucharistia, n. 11.

BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Sacramentum Caritatis, 16.5

“A Eucaristia, como suprema manifestação sacramental da comunhão na Igreja, exige para ser celebrada, um contexto de integridade dos laços, inclusive externos, de comunhão” (BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Sacramentum Caritatis, n. 38).

 

“Cristo Senhor (...) consagrou na sua mesa o sacramento da nossa paz e unidade. Quem recebe o sacramento da unidade, sem conservar o vínculo da paz, não recebe um sacramento para seu benefício, mas antes uma condenação”

(BENTO XVI, Exortação Apostólica Pós-Sinodal, Sacramentum Caritatis, n. 40).

 

Estória:

“Uma mãe tem cinco filhos. Está muito triste porque duas de suas filhas não falam entre si.  Se desentenderam e não sabem se perdoar. O encontro do Natal, com todos os filho presentes, não teve sentido e não teve graça. Havia um espinho cravado no seu coração: a desavença das filhas. Ela sofre e reza. Pede a Deus que façam as pazes. Seria a sua maior alegria. Disse: Quando os filhos estão de briga, nenhuma festa traz alegria para os pais. Da mesma maneira, quando os cristãos querem prestar sua homenagem a Deus, devem antes fazer as pazes entre si. Deus quer que seus filhos vivam em paz, para que sua oferta seja aceita”